terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Bougainvillea

Duas plantas.
Planta 1. Vaso sujo, ainda com poucas folhas, apenas 4 meses após primeiro transplante do tambor em que veio da flora, e já florindo. Esse lado acabou sendo fundo, por causa das cicatrizes. Dimensões: altura 46cm; nebari 8cm (vai melhorar); relação alt/nebari= 5,75. A relação altura/nebari, em plantas japonesas, têm sido cada vez menor, enquanto as chinesas frequentemente são maiores (plantas relativamente altas e "magras"). Plantas de flores ficam bem mesmo com alt/nebari > 5.



Planta 2, abaixo ("Shu-hin"). Origem: yamadori em Montes Claros em 2008, por bonsaísta que vendeu o material bruto. Foto abaixo de 12 de outubro de 2010. O tronco tinha leve inversão da conicidade.




Abaixo, em foto de 18 de novembro de 2011, logo depois de ter sido acomodada pela primeira vez em vaso de bonsai (o acima era um vaso "petrópolis", de má qualidade).



Inversão da conicidade do tronco foi melhorada forçando com pedra inserida dentro do tronco. Nebari de cerca de 23 cm, e melhorando. Altura 56cm. Alt/nebari = 2,43. Muito a fazer para virar bonsai. O vaso ainda parece muito comprido (visto de frente) em relação à altura e largura da planta. A intenção é deixá-la mais frondosa, antes de decidir por vaso menor.

Bougainvilleas têm duas particularidades: os galhos com 2mm já ficam difíceis de aramar (quebram fácil), e o nebari é fácil de ser mudado: bolas de adubo orgânico atraem novas raízes, que engrossam rápido. Essas raízes novas são suculentas e pouco lignificadas (também quebram fácil), mas melhoram a aparência da árvore em poucos meses. Depois de "engordadas" lentamente se lignificam e endurecem.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Resedá - evolução - 1a parte

Resedás, como são chamados no Brasil, são Lythraceae. A espécie mais comum para bonsai é a Lagerstroemia indica (L.), com flores brancas, rosa e lilás. Em livros de língua inglesa são referidos como "craple myrtle".

Aqui se descreve evolução de exemplar comprado como "pré-bonsai", já com cerca de 10 anos de trabalho, em 2006, de comerciante de bonsais de BH, que o trouxera do viveiro de Hidaka-san, em Atibaia (SP), o deixara sem trabalhar por cerca de 6 anos e com poucos cuidados de cultivo. Esse tempo perdido sem trabalho explica a relativa simplicidade da ramificação. A primeira coisa que fiz, ainda em julho de 2006, foi acomodá-lo em vaso um pouco mais largo e raso (estimular o nebari) e adubar muito. Não tenho fotos de quando ele chegou.

Foto acima - 7 de janeiro de 2007. Seis meses depois da compra, em pleno verão, recuperando-se com ajuda de adubo orgânico. Coloquei uma almofada laranja de fundo para ajudar a ver os galhos, que vão mudar com o tempo. O ápice visivelmente muito alto. Essa espécie às vezes perde galhos, que secam quando são desfolhados e podados: mesmo cortes de galhos com cerca de 2mm devem ser protegidos com pasta cicatrizante para não secar, principalmente em shohin - como é o caso. Em compensação, brota abudantemente quando se faz podas radicais, ajudando a recompor perdas.



Foto R0 - 5 de junho de 2007 - leve coloração de outono, menos folhas. A superfície do vaso havia sido limpa para se preparar para o inverno. Apesar da idade (cerca de 11 anos de trabalho como bonsai), ainda pouco ramificado. O galho mais baixo, ao fundo, é galho de sacrifício. Altura: 22cm; nebari: 4 cm.


Foto acima - 14 de setembro de 2007 - desfolhado, aguardando poda de aclareio, já em vaso mais espaçoso e fundo para continuar a se desenvolver. Já se percebe leve melhora da ramificação. O nebari foi um pouco mais exposto, deixando a planta uns 2cm mais alta. Normalmente, termina-se o trabalho na copa antes do transplante, mas nesse caso optei por transplantar e esperar dois dias para concluir o trabalho após ouvir o Sensei (abaixo). Mais tarde, o ápice foi encurtado e a altura da árvore voltou para cerca de 22 cm.


Fotos acima, mesma época: Sensei Hidaka-san orientando estilização e cultivo com a delicadeza e paciência de sempre. Vaso tokoname, muito bonito, mas seria melhor um mais colorido.

Abaixo, em setembro de 2009, em vaso azul (Izume), relativamente grande. Note-se o trabalho no ápice e a retirada do galho de sacrifício (era o mais baixo, ao fundo), e como os galhos mais compridos deram impressão de árvore mais velha.


Abaixo: 12 de outubro de 2010. Perdeu alguns galhos, recuperando-se. Mesmo sendo colorido, o vaso ficou muito formal. O primeiro galho estava muito curto (galhinhos secundários haviam secado), e o segundo e terceiro (fundo) algo embolados. Ganhou vigor em relação a um ano antes.


Abaixo: 4 de fevereiro de 2012. Para manter o processo de recuperação do vigor e formação de galhos, foi colocada em grande vaso oval. Para aproveitar, feita experiência de composição de pen-jing (deixou de ser um bonsai) com pedras de minério de ferro e musgos da região de Ouro Preto (MG), para simular montanhas ao longe. Contei 5 espécies diferentes de briófitas (!). O espaço e adubação farta parecem estar agradando: veja-se a intensa brotação (apesar de metsume semanais) e o aspecto mais frondoso. As folhas também estão reduzindo o tamanho à medida que a ramificação dos galhos terciários aumenta. A planta tem um aspecto razoavelmente natural, apesar dos patamares de folhas ainda meio forçados.

Dimensões atuais (fev/2012): altura 25cm; nebari 8cm; alt/neb=3,1. O nebari está parcialmente coberto pelo musgo.

Cambuí

Trata-se de Myrcia selloi (Spreng.), mais uma Myrtaceae brasileira. As folhas se reduzem dos habituais 0,5x1,2 cm para um terço disso. Este exemplar, adquirido como muda em produtor de São Paulo, começou a ser trabalhado em fevereiro de 2007.  Tolerando bem podas de raiz, que permitiram reduzir o torrão (estava em grande vaso de plástico, mais de 50L) para este vaso em 2 anos.

Abaixo, em setembro de 2009, ainda com arame do primeiro e segundo galhos. O vaso tokoname é um pouco grande, como a maioria dos vasos de cultivo. Foto de João Pedro Araujo Ferreira Campos (muito melhor que as minhas).


Na foto acima a planta de acompanhamento (kusamono) é uma micro-orquídea - Phymatidium tillandisioides -, de flores brancas com 0,6cm.



Acima: em fotos noturna e diurna, a variação da luz ajuda a avaliar a planta (principalmente para vizualizar os defeitos do nebari).  A foto é de agosto de 2010, mostrando quão rápido é possível formar os galhos e ramificação, facilmente organizados em patamares com pouca aramação e mais uso de "podas guias". O defeito no nebari (falta raiz à E do observador) está sendo corrigido lentamente. A altura total da planta é de 28 cm, e o nebari é de mais de 8cm. O vaso azul é de Izumi (Atibaia, SP), ligeiramente maior que o ideal. Promissora.

Abaixo, em outubro de 2010, após leve poda de clareamento.

Ramos resultantes das podas dão mudas de fácil aproveitamento, colocadas para enraizar em areia úmida, em ambiente quente (mais de 22 graus Celsius é essencial para enraizamento).

Abaixo, novo metsume, em 4 de fevereiro de 2012. Dimensões atuais: altura 29cm; nebari 10cm; Alt/nebari=2,9


Outra planta, abaixo, apenas 16cm de altura, em vaso de treinamento (iniciado em 2008). As grandes cicatrizes de retirada de raízes grossas que estavam mal posicionadas vão levar anos para desaparecer. Esta foto é de 8 de outubro de 2011.

Jabuticabeira

Jabuticabeira (Myrciaria sp). A espécie que aparece nas fotos não foi identificada. Planta oriunda de semente, plantada por Hidaka em 1978, que a cultivou dando forma ao tronco e primeiros galhos. Adquirida como "pré-bonsai" em 2007, tinha mais de 1 metro de altura. Nebari de 6 cm; tatiagari de 4 cm, altura 26 cm.

Junto com os ipês amarelos, as jabuticabeiras são árvores estimadas em Minas Gerais (e sudeste do país, habitat natural das Myrciaria).Em função desta relação afetuosa, bonsai destas espécies despertam interesse especial, talvez como acontece com os pinheiros-negros e aceres no Japão.


Acima: 23 de setembro de 2009, trocando as folhas com a chegada da primavera.

Foto 4 - acima - Novembro 2009, foto de Vinicius Matos. Ainda pouco ramificada, após poda leve e troca para vaso mais escuro. Presença de acompanhante, (pequena orquídea Pleurothallis, em destaque abaixo. Outros kusamonos podem ser vistos na postagem com esse título). Muito centralizada no vaso, mas ótima altura em relação ao substrato.


Acima: kusamono, foto Vinicius Matos.

Abaixo: para ver e trabalhar estrutura da copa, é necessária desfolha.


Foto 4a - acima - Setembro 2010. Sem folhas. Esta foto sofreu deformação leve ao ser virada em 90 graus, deixando a imagem mais estreita e alta. Veja a próxima.

Foto 5 - Outubro 2010 (cerca de 35 dias depois da desfolha). A posição no vaso está incorreta (nebari estava sendo trabalhado), a planta deveria estar mais para a E, deixando espaço vazio maior do lado D. O vaso é de treinamento, maior e mais fundo que o ideal, apesar da boa cor e formato. O galho da D  foi ancorado com leve curva para baixo em janeiro de 2011.


Foto 6 -  3 de dezembro de 2011. Agora ficou alta demais no vaso (ainda um pouco grande, chinês, boa cor e forma). Retirado o arame que ancorava o galho mais à D do observador, que ganhou mais movimento. Veja-se que o ápice foi reduzido, e o primeiro galho está ficando grande demais. Quando deixada "encher", a massa verde transpira e perde água rápido, ao ponto de necessitar duas regas diárias, principalmente no verão.

Abaixo, foto 7 - 4 de fevereiro de 2012. Vinte dias depois de hagare e metsume, além de encurtamento do primeiro galho e replantio no mesmo vaso (mais para a E do observador - será que exagerei?). As folhas estão brotando. Melhora do perfil e das proporções. Vamos ver como ficará quando a folhagem voltar toda. A planta toda foi ligeiramente inclinada para deixar o primeiro galho mais baixo e o lado D (do observador) mais alto. Placas de musgo trazidas de São João Del Rei, duas espécies, boa adaptação.


Dimensões atuais: altura 31cm; nebari 12cm; tatiagari na saída 6cm; altura/nebari=2,58.

Comparando o aspecto do tronco nos anos anteriores, vê-se que neste verão 2011-12 a casca está sendo trocada: embora pequenos fragmentos de casca possam se soltar em qualquer época, a mudança de casca da árvore toda (raízes aos galhos) tem ocorrido em intervalos irregulares, a cada 2-4 anos. Isso acontece também com outras árvores, como Cambuí e "piteco", e tem sido simultâneo para espécies diferentes (descascam fortemente todas no mesmo ano). Não sei o significado disso: será coincidência? terei adubado melhor e portanto favorecido que as plantas cresçam melhor nos anos quando descascam?

Bosque de Calliandras

Inicialmente publicada em 29/janeiro/2012, volto hoje, 16 de maio de 2012, a esta postagem para recuperar tanto parte da história prévia como atualizar a evolução.
O início: uma pequena Calliandra, estilo shokan, cerca de 18cm de altura. Abaixo em fotos de 7/janeiro/2007. Já estava fazendo experimentos colocando-a em companhia de suiseki, no caso uma pedra oriunda da região do Pico da Bandeira. Veja como o tronco era muito mais fino.



Abaixo também em 7/jan/2007, contra outro fundo, para ver um pouco mais de outro ângulo da árvore.

Abaixo: 3 de agosto de 2010, já no bosque.

Abaixo, 10 de outubro de 2010, as copas já um pouco mais cheias.

Bosque de Calliandra brevipes Benth. Cinco plantas originadas de estacas, trabalhadas por 2 anos antes de montagem do bosque (exceto a maior, ao centro, que já era bonsai desde 2006). Altura máxima 25 cm. As fotos acima, agosto e outubro de 2010, respectivamente antes e depois de poda e limpeza no viveiro, mudando posição de outras plantas ao fundo. Em ambas as fotos sobre pedra Ouro Preto. Em Jan. 2012 foi colocado em suiban e acrescentada mais uma planta, totalizando seis. A despeito do atual número par, a variação das dimensões das plantas ajudou a evitar monotonia. Fotos do autor.

Abaixo: 2 de maio de 2012. Já no suiban, o torrão ainda muito alto. Grande parte das pedras foi retirada, dando literalmente mais leveza ao bosque. Uma pequena casa de pedra, artesanato de São Tomé das Letras (presente do Fernando Augusto dos Santos) foi colocada entre as árvores ao fundo. Os vasos à frente são kusamonos em recuperação, eu deveria tê-los retirado da frente.



Abaixo: 12 de maio de 2012. Detalhes da casinha de pedra. Com isso, deixa de ser bonsai em estilo floresta e vira penjing. Comparando como era a árvore principal em 2007 e agora, vê-se que cresceu e engrossou o tronco, o que não aconteceria se tivesse ficado em vaso, com muito menos espaço que o disponível nesta plantação em grupo.






Bosque de Cryptomeria

foto 1

foto 2
Fotos 1, 2 e 2a- Bosque de Cryptomeria japonica. A pedra usada como "vaso" é "Pedra Ouro Preto" com aprox. 50 X 160 cm. Pedras de decoração foram trazidas da região de Diamantina. Altura das plantas variando entre 30 e 55 cm. Uma muda ao fundo, mais visível à D na foto 2, totaliza cinco plantas. Nebari máximo 4,5cm. Fotos de 19 de agosto de 2010 (final da estação seca) com 15 meses de trabalho (montagem do bosque), após 3 anos de trabalho das plantas. A idade das plantas quando iniciado o treinamento individual era de aproximadamente 4 anos, ou seja, tempo total entre início do cultivo das mudas até esta foto foi de cerca de 8 anos. A sequência foi: 2002 plantadas estacas no chão (Curitiba - PR); 2006 retiradas do chão e iniciado treinamento individual; 2009 montagem do bosque. A mais frondosa, ao fundo, veio de alporque e não tem nebari.

Foto 2a - Ao nível dos olhos, um pouco mais à E.

1a msg

Bem vindos. Compartilharei imagens e informações relacionados a bonsai.