segunda-feira, 9 de julho de 2012

Shimpaku Hokaido - alporque

Shimpaku é o nome japonês de uma das variedades do Juniperus chinensis. De acordo com a procedência, há "sub-variedades", como por exemplo a de Hokaido.
Essa árvore foi cultivada por Hidaka em escorredor de macarrão (cheio de substrato) o qual fora colocado em "mamadeira" (uma cuia maior, sobre a qual o fundo do escorredor é aposto, enterrando apenas levemente) durante 8 anos, a partir de estaca ponteiro, até ser adquirida em 2009, quando comecei os trabalhos. Ao fazer o primeiro transplante, em final de agosto de 2009, notei que o tronco era mais comprido que eu havia imaginado (estava em parte enterrado) e, pior, havia inversão da conicidade -a parte do tronco próxima ao nebari era mais fina e depois se encorpava (o ideal é que o tronco tenha alguma conicidade, vá afinando em direção ao ápice).

Abaixo: 12 de outubro de 2010. A inversão do tronco estava disfarçada por trás da pedra.
Durante uns 2 anos convivi com a planta, mas sempre insatisfeito. Então, em março de 2011, fiz um alporque na parte do tronco logo acima do ponto onde ocorria a inversão (não tenho fotos, era logo abaixo da parte que dá para ver desaparecendo atrás da pedra na foto acima).

O alporque ficou 6 meses permitindo desenvolvimento de raízes. Então, em setembro de 2011, o alporque foi separado da parte de baixo do tronco e a árvore teve grande parte da folhagem retirada, pois haviam poucas raízes, e colocada em vaso grande, de treinamento, que cobria inclusive a saída dos dois primeiros galhos.

Hoje, 9 de julho de 2012, finalmente criei coragem para ver como estavam as raízes. Vamos ver o que foi feito nas fotos a seguir.
Abaixo: ao ser retirada do vaso, a planta mostrou grande número de raízes de ótimo comprimento. Havia restos do sfagno que foi usado no alporque. A folhagem da árvore ainda não se recuperou totalmente, mas está brotando.

Abaixo: o tronco que estava descoberto está escuro, a parte do tronco que foi separada do alporque é clara (sem casca) e acaba em toco. Dá para ver como o tronco era comprido e reto na parte inicial.

Abaixo: tendo virado a árvore de cabeça para baixo para expor o toco que ficou do resíduo do alporque. Essa parte do tronco é a que foi descascada para estimular formação de raízes acima. As raízes novas estão caindo abaixo dele.
Usando um alicate côncavo "monstro". É muito melhor que usar serra, pois o alicate, além de fazer corte limpo e ligeiramente côncavo, não sacode a planta (o que poderia estragar algumas raízes). Foi preciso força, mesmo um pedaço pequeno de madeira, para ser cortada de uma vez só, dá trabalho. Outra alternativa seria ir "comendo" o toco com alicate menor, mas seria mais lento e o corte menos regular.

Abaixo: o toquinho residual do alporque cortado.

Abaixo: além da área do alporque, alguns galhos que estavam semi-cobertos também emitiram raízes. Não as retirei, pois isso aumenta tanto as chances da árvore continuar se recuperando como as alternativas para estilização (inclusive, por exemplo, fazer outras árvores com esses galhos que já tem raízes próprias).

Abaixo, mais uma foto da massa de raízes novas. Não esperava que se formassem tantas. Sinal de que está indo tudo bem.

Abaixo: posicionando a árvore em vaso de treinamento, raso. A idéia é favorecer formação de nebari superficial e aproveitar o grande número de raízes, evitando ao máximo cortá-las, para que a recuperação da folhagem (próxima etapa) também seja rápida).


Abaixo: embora as raizes estejam em ótimo formato, irradiadas e "em tabuleiro" ao redor do tronco, a árvore ainda fica instável se depender das raízes para se segurar no vaso. Um arame passado nos furos do vaso, por baixo, e amarrado ao tronco (de preferência à madeira morta, para não ferir a casca) resolve.

Abaixo: um pouco de sfagno úmido para proteger as raízes novas, evitando que sequem.

Abaixo: não é exatamente a hora, mas com a ótima massa de raízes que já existe e com os numerosos brotos novos, achei que compensaria já oferecer um pouco de adubo orgânico: coloquei uns quatro tabletes de Biogold ao redor da planta. Em tempo: os restos de folhagem sobre a mesa não são desse shimpaku, mas de outra planta (Tosho, que foi pinçado).

Abaixo: aproximadamente o mesmo ângulo da primeira foto (onde aparece mais inclinado), para dar uma idéia do quanto a planta ficou mais baixa e com movimento do tronco mais evidente. O vaso tem 3,5 cm de profundidade.
Os shari foram tratados com calda sulfocálcica. Retornou direto para a bancada, a pleno sol. Isso por que não cortei praticamente raíz nenhuma e ainda tem pouca folhagem. Por via das dúvidas, foi pulverizado Superthrive (2mL/100mL de água). Vai ser aramada somente daqui a uns 3 meses, e vai ficar muito legal. A despeito da enorme diferença entre os climas de Hokaido e Belo Horizonte, essas plantas se adaptaram muito bem por aqui.

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